Usamos iodo radioativo para tratamento de doenças benignas da tireoide que promovem hipertireoidismo, com aumento da liberação de hormônios  pela glândula (doença de Graves ou de Plummer), de forma segura com excelentes resultados. Para realização deste procedimento é necessária uma consulta prévia com o médico nuclear, a realização de uma dieta específica pobre em iodo e a suspensão e alguns medicamentos. É necessário levar na consulta para o planejamento do tratamento todos os exames relacionados à doença. O tempo esperado de resposta a este tratamento é de cerca de 3 meses.

A terapia com iodo radioativo de cânceres de tireoide é feita na medicina nuclear há muitos anos e de grande auxílio ao tratamento cirúrgico, com uso cada vez mais restrito e em menores doses de radiação, de forma bastante confortável os pacientes. Atualmente inclusive, muitos desses tratamentos são feitos de forma ambulatorial, ou seja, sem necessidade de internação do paciente. Todas essas decisões são feitas a partir de uma consulta com médico nuclear depois que a cirurgia da tireoide confirma um caso de câncer. Existe um preparo específico para realização da iodoterapia e recomendações de restrições de contato após o procedimento. Todas essas questões são abordadas na consulta. É necessário levar neste dia todos os exames relacionados à doença, para um adequado planejamento.

Tumores neuroendócrinos são tumores raros que podem acontecer em praticamente qualquer parte do corpo, mais frequentemente no sistema gastro (estômago) entero (intestino) e pancreático (pâncreas). O uso de substâncias radioativas da medicina nuclear com alta afinidade a este tipo de tumor traz excelentes resultados, com estudos científicos comprovando redução de mortalidade e do tempo de controle adequado da doença. A definição dos pacientes candidatos este tipo de tratamento é comumente feita por um oncologista e com a consulta com médico nuclear.

Um dos tratamentos mais modernos da área de Medicina nuclear, o tratamento com Radio-223 está indicado para pacientes com câncer de próstata metastático para ossos, sintomáticos (queixa de dor, inapetência) e resistentes a castração (não respondem mais a terapia de supressão hormonal). Este tratamento demonstrou na população específica redução do risco de morte de 30% em comparação ao grupo não exposto à droga, bem como redução de eventos esqueléticos como fraturas e necessidade radioterapia além de ganho de qualidade de vida. Esses ganhos existem pelo direcionamento desta molécula radioativa emissora de radiação alfa, bastante efetiva, aos sítios de envolvimento por metástases em ossos.

A partir da evolução dos métodos diagnósticos em câncer de próstata e do conceito de Teranóstico (moléculas radioativas que permitem DIAGNOSTICAR doenças são modificadas no componente radioativo por moléculas que podem TRATAR as mesmas doenças), grandes avanços têm sido conquistados no manejo de cânceres de próstata. A molécula PSMA que demostra a presença de uma proteína de membrana celular superexpressa em cânceres de próstata foi usada inicialmente como método diagnóstico no PET-PSMA e vem sendo usado como método de tratamento com ganhos expressivos de reconhecimento da comunidade científica no cenário do câncer de próstata avançado com as moléculas PSMA-Lutécio-177 e PSMA-Actinium-225, técnicas que fui observar de perto na Universidade de Heidelberg, na Alemanha, onde foram em sua maioria desenvolvidas, em Novembro de 2019. Com este ganho de experiência, trouxe a metodologia para a Bahia, já executamos em vários pacientes e temos obtido resultados muito interessantes.